Após mais um ano de muitas dificuldades, o mercado de construção civil começa a apresentar reações positivas neste primeiro semestre de 2017, coincidindo com a avaliação de muitos especialistas de que 2018 será o ano da grande retomada. A principal explicação está na contenção da trajetória da dívida pública, que abre espaço para a queda da taxa de juros; sustentação fundamental para o retorno dos investimentos e, em consequência, da retomada econômica.
As boas perspectivas para o futuro da construção civil
De acordo com o professor e pesquisador Luciano Nakabashi — coordenador de estudo elaborado pelo Centro de Pesquisa em Economia Regional (CEPER), da Fundação para Pesquisa e Desenvolvimento da Administração, Contabilidade e Economia (FUNDACE), da FEA/USP de Ribeirão Preto —, o mercado de crédito para a construção civil continua a sofrer o impacto negativo da crise econômica, mas as novas concessões de crédito e a crescente retomada de confiança dos agentes econômicos podem representar um cenário favorável para o mercado de construção civil ao longo dos próximos meses, incluindo o primeiro semestre de 2017.
“A equipe econômica começa a colher resultados positivos em relação à política monetária, como a redução da inflação. Adicionalmente, a melhora das expectativas em relação à trajetória da dívida pública abre espaço para a redução da taxa de juros, elemento importante para a retomada dos investimentos e, consequentemente, do crescimento da economia brasileira”, avalia Nakabashi.
Dados relativos aos lançamentos de 20 incorporadoras associadas à Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (ABRAINC) mostram que os lançamentos no Brasil vêm crescendo desde o mês de março de 2016 — quando comparados ao mesmo mês do ano anterior —, evidenciando que essa tendência certamente se consolidará ao longo do primeiro semestre de 2017, uma vez que o ajuste já foi efetivado.
De janeiro a outubro de 2016, a entidade informa que os lançamentos totalizaram 50.248 unidades: volume 9,4% superior ao observado no mesmo período de 2015.
As previsões de crescimento para o primeiro semestre de 2017
Carlos Cesar Meschini, diretor regional do Sindicato da Habitação da Baixada Santista (SECOVI), mostra-se bastante otimista em relação ao mercado de construção civil no primeiro semestre. “Acredito que em 2017 haverá retomada nos investimentos no setor. Ainda é cedo para falar em números, mas estimo que o crescimento no primeiro semestre de 2017 chegue a 15%”, antevê.
Tal otimismo se baseia em dados levantados pelo SECOVI, que representa imobiliárias e incorporadoras da Baixada Santista. Segundo a entidade, de julho de 2013 a junho de 2016, foram lançadas 15,4 mil unidades habitacionais na região. Desse total, 50% foram vendidas em Praia Grande, que manteve o setor aquecido, mesmo diante dos últimos meses de crise.
O presidente do conselho de administração da Associação dos Empresários da Construção Civil na Baixada Santista (ASSECOB), Gustavo Zagatto Fernandez, compartilha da mesma opinião: “Passamos anos difíceis. Mas a procura por imóveis voltou a aquecer o mercado. Assim, existindo a procura, é certo que serão necessários novos empreendimentos”.
O tom otimista do dirigente da ASSECOB estende-se pelas boas expectativas esperadas para o primeiro semestre de 2017, em relação ao mercado imobiliário: “O bom é que as pessoas estão mostrando mais otimismo. Temos sentido isso. A retomada começou e a tendência é de que o setor comece a aquecer aos poucos a partir dos primeiros seis meses do ano”.
