A natureza tem o seu “design” moldado por séculos e séculos de evolução.
Quando pensamos em um animal que consegue se camuflar para desviar de predadores ou no porquê um bando de pássaros voa em determinada configuração, tiramos lições sobre se adaptar ao ambiente, aerodinâmica e preservação do meio ambiente.
A biomimética é uma tendência na arquitetura sustentável que olha para a inteligência da natureza para se inspirar a produzir imóveis mais integrados aos seus ambientes.
Os benefícios de pensar em biomimética nos empreendimentos estão relacionados à qualidade de vida dos moradores e à diminuição do impacto da construção no meio ambiente, com uma maior integração daquela obra ao local.
Segundo pesquisa da ENERGY RESEARCH GROUP (ERG, 1999), as edificações consomem pelo menos 50% de toda a energia elétrica do planeta. São desgastes como esse que a biomimética ajuda a evitar.
Vejamos mais de perto como essa tendência tem influenciado a arquitetura do Brasil e do mundo.
O que é biomimética?
A biomimética é uma área da ciência que estuda as estruturas biológicas, a natureza e suas funções, procurando aprender com suas estratégias e soluções e aplicá-las em projetos.
Um famoso exemplo de biomimética é a inspiração de Leonardo da Vinci, que observou várias aves, o formato de suas asas e seus mecanismos de voo para propor seus projetos de máquinas voadoras.
Um exemplo de aplicação da biomimética na arquitetura pode ser encontrado entre os indígenas do sul do país. Os povos Kaingang, de tradição Taquara, desenvolveram métodos de construção de suas moradias para que fossem subterrâneas, evitando assim o sofrimento com os ventos frios do planalto no inverno. O teto, por sua vez, permite uma boa ventilação e iluminação. [1]
O mesmo princípio é aplicado em países muito frios, como o Canadá e a Rússia, com suas galerias subterrâneas. Um bom exemplo é o Montréal Souterrain. [2]
O princípio de conforto térmico é observado na natureza na moradia dos cupins, que constróem suas moradas no subterrâneo para escapar das condições climáticas.
Vantagens e benefícios da biomimética
Conhecer o ambiente, suas particularidades e integrar-se a ele causa um menor impacto ambiental e faz com que as construções se integrem àquela comunidade.
Se você está em uma região muito quente, deve pensar em recursos biomiméticos para amenizar o calor. Ou então levar em conta se o local é úmido, se chove de mais ou de menos, enfim, conhecer bastante como se comporta a natureza no local da construção.
Um mau exemplo de integração ao ambiente é um prédio em Londres que reflete a luz e se torna uma lupa que causa derretimento de carros, lojas e desconforto térmico: //globoplay.globo.com/v/2800996/
Imagine o tamanho do investimento feito em design moderno, os custos de um arranha-céu como esse em Londres e o grande problema que causou por ter sido construído sem considerar os impactos ambientais.
As vantagens da biomimética na arquitetura são:
– Usar os recursos da forma mais inteligente possível;
– Gerar economia de energia;
– Reaproveitamento de água;
– Fazer o melhor uso do terreno;
– Proporcionando conforto aos moradores;
– Reduzir o impacto ambiental da construção.
Biomimética aplicada a projetos de construção civil
Aplicar a biomimética em projetos de construção requer um olhar atento e estudo das condições do terreno durante o estudo de viabilidade.
É preciso levantar informações prévias sobre:
– O tipo de solo/drenagem;
– Incidência de vento;
– Média de temperatura no ano (inclusive amplitude térmica);
– Média de chuvas no ano.
– Orientação da luz solar;
– Vegetação do entorno;
– Perfil da vizinhança.
A partir dessas informações, cada projeto pedirá uma intervenção diferente baseada na biomimética.
Por exemplo, em um local chuvoso, vale a pena incluir sistemas de captação de água da chuva e pensar no uso de materiais construtivos que absorvem menos umidade, evitando, por exemplo, construção em blocos de alvenaria estrutural.
Locais muito quentes podem ter sua temperatura interna amenizada pelo uso de plantas nas fachadas, tornando-as bioclimáticas. O mesmo acontece com o uso de brise-soleils e cobogós como materiais que permitem entrada de luz e geração de sombra ao mesmo tempo.
A construção, quando projetada para obter mais luz natural, sombra, ventilação, evita que os moradores gastem com ar condicionado e energia elétrica, não é mesmo?
Qual o futuro da sustentabilidade?
De acordo com o World Business Council for Sustainable Development, aproximadamente 38% das emissões globais de gases de efeito estufa relacionadas à energia são atribuídas à indústria da construção, sendo que 28% têm origem na operação de edifícios e 10% vêm dos materiais usados na construção e na manutenção desses edifícios.
Portanto, a construção tem um importante papel a desempenhar para se tornar mais sustentável, menos pesada para a utilização dos recursos do planeta. É inevitável pensar nisso nos projetos atuais e futuros, pois a preocupação com o meio ambiente é uma realidade que já vivemos.
Construções sustentáveis pelo mundo
Vejamos alguns exemplos de projetos sustentáveis:
– La Cartuja Community Center
Para fugir da forte incidência do sol e ainda assim garantir a iluminação e o frescor, o projeto do La Cartuja tirou as janelas de uma linha reta, criando um padrão que gera sombra e ainda assim mantém a luminosidade da construção.
– Parque Guinle
O uso de cobogós na fachada desta obra do famoso arquiteto Lúcio Costa garante maior eficiência energética, ventilação, frescor e maior qualidade do ar. Às vezes é tão simples quanto utilizar o material correto.
Enfatizar na conclusão as vantagens de aplicar a biomimética na obra
Olhar para a biomimética e a sustentabilidade nas construções é ser inteligente em relação ao uso de recursos ambientais, e isso tanto no Brasil quanto no exterior.
Quem constrói com esse olhar garante longa vida de suas construções e alta satisfação entre os futuros usuários e moradores. Uma construção é algo pensado para resistir por muitos anos, e sua usabilidade deve ser sustentável, gerar um impacto positivo na vida das pessoas e nos locais onde vai se encontrar.
Pensar em biomimética é ter como resultado qualidade de vida e a certeza de que está construindo com propósito.
Segundo levantamento feito pela empresa Natureza Urbana, representante do Brasil na World Urban Parks (WUP), 55% dos respondentes respondeu que os locais que frequentarão preferencialmente pós-pandemia serão parques e praças.
Essa tendência é algo que deve se consolidar no pós-pandemia, com a vida ao ar livre e o contato com a natureza cada vez mais valorizados.
Nosso comportamento e jeito de viver podem contribuir para fazer um planeta melhor, preservando recursos e tornando a vida mais confortável. Sua empresa está contribuindo para criar experiências de moradia sustentáveis e confortáveis?
